terça-feira, 25 de agosto de 2015

A CARNE MAIS BARATA DO MERCADO.

Há quem diga que não existe Racismo no Brasil. Há quem diga que Racismo é a vitimização do negro oprimido. Há quem diga que não tem preconceito, pois até tem amigos negros. Chega de "há quem diga", pois quem dirá agora sou eu. A sociedade brasileira progrediu nesse quesito, mas progrediu pouco, MUITO POUCO. Assim como o machismo, homofobia e outras formas de preconceitos, o racismo está tão presente e tão naturalizado no cotidiano do brasileiro (volto a falar, sei que tudo que escrevo é a realidade de pessoas pelo mundo inteiro, mas falarei do meu país pelo conhecimento diário com nossos problemas) que muitas vezes passa despercebido pelos que falam e escutam. O Brasil sim é um país com muitas cores, culturas e crenças, mas existe uma cor, historicamente racista, que acaba impondo padrão com o intuito de "embranquecer" a sociedade. Na história do Brasil, historicamente preconceitosa, não havia espaço importante para os não-brancos, os que convenhamos seguraram e seguram o Brasil no braço. Desde quando os portugueses vieram para essa terra até os tempos de hoje, o padrão europeu tentou varrer os costumes, culturas e etc dos não-brancos. Inferiorizaram as pessoas descendentes e não branca na sociedade. Colocando-os em troncos, senzalas, para carregar fezes humanas em baldes pelas ruas da cidade, usando as mulheres como objeto sexual dos homens brancos. Com a "evolução", se é que podemos usar o termo evoluir, e a miscigenação legal dos negros na sociedade, seguiram (e seguem) sendo extremamente segregados em áreas da sociedade. São marginalizados, as mulheres ainda são vistas como objeto sexual (mais que as mulheres brancas), ocupam o topo da lista de mortos por assassinatos no Brasil, são quase 90% dos moradores das favelas pelo país, são a minoria nas universidades, são os mais afetados com o desemprego e para concluir o pensamento inicial de como tudo está errado: são a maioria da população. A tempos quero escrever sobre o Racismo aqui, porém hoje vivenciei um episódio (talvez natural na vida dos jovens negros) que me deixou extremamente indignada,como pessoa e também como filha e neta de negro, episódio o qual é crucial eu compartilhar para vocês para que quem nunca presenciou algo do gênero veja que não são apenas negros que vêem preconceito, quem realmente se importa com o bem estar da sociedade como um todo também enxerga. Estava sentada em um hipermercado (de nome extremamente grande aqui no Rio Grande do Sul), o qual não citarei o nomes mas chamerei ele de Zaza, localizado na Boa Vista, para quem não conhece uma das zonas mais nobres da cidade de Porto Alegre. Quando uma senhora(?)- aparentemente de uns 30/40 anos, loira, branca, muito bem vestida- saiu do mesmo e o alarme tocou, coisa que é normal, pois as vezes ele toca porque é doido. Mas o correto seria vir algum segurança e se assegurar que foi um mero erro do detector, como já fizeram comigo. Porém, o segurança da entrada após ouvir o alarme e visualizar quem era, não interviu na saída da moça. Tudo bem, tudo lindo, pensei comigo: ele é treinando para isso, sabe o que faz. Mas automaticamente na minha cabeça se criou o questionamento: e se não fosse uma mulher branca ou tão bem vestida quanto aquela moça e se fossem negros? Será que a reação neutra do segurança do Zaza seria a mesma? Enfim, eu docemente iludida parei de fazer aquela chuva de perguntas a eu mesma, confiando na justiça do trabalhador. Mas alguém em algum lugar me ouviu e para me responder as questão, enviou 3 jovens não-brancos, vestidos de forma "largada", com seus skates, bonés e gírias. De forma imediata que o mesmo trabalhador que não interviu na saída da senhora, agilmente acionou todos os seguranças sobre a entrada dos 3 rapazes ao hipermercado. A movimentação foi tão intensa, saíram seguranças até de dentro da minha bolsa se bobear, seguranças os quais perseguiram os mesmos com firmeza por todos os corredores do estabelecimento. A esperança deles era que um deles roubasse algo, uma bala que seja, para em meio da alta burguesia que frequenta aquele mer(da)cado, humilhar e agredir aqueles jovens. Mas deixaram de observar, que desde a entrada dos mesmos lá, já estavam criminalizando-os e humilhando os mesmo. Eu observei os dois lados durante os longos 10 minutos de perseguição, pois sim aquilo foi perseguição, até que os meninos saíram do mercado com seus 2 litros de refrigerante e seu pacotão de salgadinho. Aposto que irão falar que estou sendo injusta com os trabalhadores, pois apenas recebem ordem. Trago em pauta que minha crítica não é aos "soldados" do racismo - nesse caso os seguranças do Zaza, mas sim os mandantes, aos chefes da segurança pública e privada, que preparam seus soldados para humilhar, oprimir, agredir e matar (como no caso das chacinas dentro das favelas do Brasil, onde quem morre é o não-branco e pobre, que luta - ou quando criança tem a família que luta- muitas vezes para ser alguém na sociedade, já que automaticamente já nasce inferior aos olhos de uma classe racistas, classista e conservadora). Deputados, como o Jair Bolsonaro, semeiam seu racismo nojento e ainda arrotam que: direitos humanos é para humanos direitos, mínimo como ouvir isso de uma pessoa que fala para Preta Gil que seu filha JAMAIS IRÁ NAMORAR UMA NEGRA POIS ELE FOI MUITO BEM EDUCADO. São esses tipos de "humanos direitos" que agridem, interiorizaram e mataram/matam/ matarrão indiretamente milhões de negros pelo Brasil e mundo. Nós -independente da nossa cor,sexualidade,religião,forma física, estilo, região- somos iguais perante aos olhos da lei,na teoria né, pois na prática só somos iguais se formos brancos, heteros e católicos ou evangélicos. Sofremos preconceito por qualquer diferença que tenhamos fora dos "padrões" que os europeus e seus descendentes impuseram em nosso país que por natureza é pluralizado por sua diversidade de cores, gostos, crenças etc., e assim como os diversos preconceitos existentes o Racismo precisa ser combatido, chega de negros serem exterminados, criminalizados e humilhados nos espaços públicos, privados e redes. Chega de piadas racistas. Bora acordar e ver que não somos nós que enxergamos racismo em tudo e sim vocês que são cegamente hipócritas. Sonho em uma sociedade que sejamos imparcialmente sejamos iguais, por isso eu luto, luto pelo negro, pelo índio, pelo pardo e por todas as cores que o Brasil me proporciona deixando lindo e colorido nosso país. / Ingriid Fraga

10 comentários:

  1. Somos racistas. Somos preconceituosos. Gostamos do que é belo. E o que é belo?
    Ele não me fez nada mas dizem que não é legal; creio.
    Dizem que devo fazer progressiva no cabelo; faço!
    Insultam certas crenças, valores. Não quero ser "diferente"; então sigo a mesma linha.
    Esse é o mundo em que vivemos. Apenas sigo!
    Não penso! Não pondero! Não critico!
    Enfim, não vivo. Apenas aceito o que me é imposto. Não indago. Não fui educado para isso.
    Finjo! Minto! Eu sou apenas submisso.

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  2. palavras verdadeiras , temos continuar lutando .

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