sexta-feira, 31 de julho de 2015

1 EM 4.

A cada 4 minutos no Brasil 1 pessoa é estuprada. Por ano no mínimo 527 mil - estudo divulgado pela IPEA - pessoas, desse número gigante e alarmante apenas 10% dos casos chegaram ao conhecimento da Polícia. O que já sabemos que o número maior de vítimas são das mulheres, que ocupam exatamente 88,5% dos dados, dentro dos mesmo a metade dos números é preenchidos por meninas com idade abaixo de 13 anos de idade. São números predominantemente ocupados por pobres, negras, sem o ensino fundamental completo, dentre outras caracteriscas explícitas da população esquecida pelos governantes e sociedade. Mas não deixe que minhas humildes palavras iniciais esqueçam que esses crimes não estão presentes apenas nas zonas periféricas do nosso país. Ela se encontra desde a favela até o apse da zona nobre das nossas maiores capitais, não esquecemos por favor do caso do filho de um dos donos da filial da Rede Globo de Santa Catarina (RBS-SC), onde ele com 16 anos juntamente com o seu amigo - filho de delegado - de 14 anos e mais um elemento não identificado (ou abafado pela mídia), estupraram uma menina de 13 anos. Todos com condições financeiras explicitamente boa, ocupando o que seria tajado como "classe A". Até porque o dono de uma filial da Globo deve ganhar uns bons mils por mês. A questão tratada hoje ela não é classista, porém esse meu exemplo foi para mostrar que a violência sexual, está em todos as classes, em todas as zonas, em todos os ambientes, fruto apenas de um elemento: O MACHISMO.
Agora o que vocês provavelmente estão se questionando, se é que se importam com esses números, é o por que 90% dos casos não são levados as autoridades de segurança ou o por que tantas vítimas se calam perante tamanha brutalidade e desrespeito sofrido na mão de um (ou mais) " homens", se é que posso chamar esses monstros de homens. Posso, e vou, listar os principais motivos do quais esses relatos jamais chegam as delegacias, hospitais e as vezes nem aos ouvidos da própria família. Mas antes de listar, trago minha questão para vocês refletirem agora (ou algum momento da sua vida): QUANDO VOCÊ LÊ OU ESCUTA QUE ALGUMA MULHER, PRÓXIMA DE VOCÊ OU NÃO, FOI ESTUPRADA, O QUE PENSAS DE PRIMEIRO MOMENTO? PENSA EM COMO A VÍTIMA ESTÁ SE SENTINDO? OU ANTES DE QUALQUER PREOCUPAÇÃO COM A VÍTIMA QUESTIONA SOBRE DE QUEM É A CULPA? Bom se pertence a parcela (menor) das pessoas da opção número 1, sabes o porque 90% dos casos ficam embaixo do tapete, agora, se pertence a maioria machista que ainda insistem em procurar culpados por uma violência que o culpado é explícito, leia com bastante atenção o porque as vítimas preferem se esconder ao invés de expor seu drama em uma delegacia atrás de solução.  
1. Vítimas de estupro sente na pele a dor e o extremo do machismo. Sentem medo, sentem nojo (as vezes mais de si do que do elemento que a violentou), tem sua realidade completamente mudada, tem sua rotina e sua vida alteradas pela violência sofrida. O papel da sociedade por inteira e sua família, seria ACOLHER, dando total assistência e refúgio que essa menina/mulher precisa. Assistência médica, policial e principalmente afetiva pessoal. Mas sabemos que na maioria dos casos não é assim que funciona. O que vemos são familiares, amigos e sociedade (muitas vezes) indignados, porém, balanceando a culpa. Culpando o agressor (somente e único culpado) mas dividindo a culpa desse resultado negativo e dramático com a vítima, culpando-a por sua vestimenta, às festas frequentadas, as músicas, o tipo de postura (no caso, a postuta "não-mocinha", em outras palavras não se dando ao respeito), culpando por ter se alcoolizado e por último, mas na minha opinião um dos piores discursos, a hora em que a vítima estava na rua. Lições de moral imposta por um discurso machista o qual nele a mulher tem que segui-lo de forma severa para evitar certos "desconfortos", um deles: ser estuprada. Fugindo dessa chuva de reações, o qual nem você que nunca passou por isso ou você que já passou tem ideia da forma que suas famílias e amigos irão ter, a vítima acaba optando pelo silêncio. Até porque tudo que ela NÃO PRECISA é de algum dividindo a culpa de algo que ela foi apenas e nada mais que vítima e as vezes até culpando-a de forma total. A ausência dessa segurança da mulher nos seus (em quem ela acharia ou poderia contar) é fruto de discursos prontos e repetitivos, que o machismo vem implantando desde sempre. Ela opta pelo silêncio por medo do julgamento da sociedade.
2. Boa parte das violências sexuais ocorrem "dentro de casa", quando uso o termo dentro de casa me refiro que os violentadores são homens conhecidos pela vítima ou pela família, sendo eles namorado, marido, tio, irmão, sobrinho, pai, padrasto,avô, amigo,vizinho,colega, etc., levando em consideração que quando o ocorrido é entre parceiros (maridos, namorados, ficantes) muitas mulheres não assimilam que foram estupradas, pois não levam em consideração  ou não tem informação (digo isso pois vivemos em uma sociedade extremamente sexista e machista em que muitos pensam que a mulher está ali para servir o homem sexualmente, para o homem fazer o que quiser com sua parceira) que sexo forçado, mesmo sendo com seu parceiro, é estupro. Mas os homens em questão, que não forçam relacionamento com suas parceiras, fazem parte de um dado machista que diz que 52% dos homens desaprovam que suas esposas/namoradas vão a delegacia após um "sexo surpresa". Em outros casos, quando a vítima é violentada por algum familiar, a mesma se sente oprimida e com vergonha de chegar e alguém e relatar o acontecido por receio que seja julgada ou que balance a estrutura da "família brasileira". Ela opta pelo silêncio, pois vê a felicidade da sua mãe, da sua tia, sua irmã, enfim, qualquer familiar sua com seu namorado/marido novo. Ela opta pelo silêncio pois sabe que se falar para sua mãe que seu padrasto e o filho dele a molestou, ela não irá acreditar e ainda irá tirar a vítima de casa (fato verídico relatado a  mim).  Ela opta pelo silêncio pois para ela será menos doloroso ela sofrer essa dor sozinha do que se abrir com a família e ser julgada de forma humilhante, porque tudo que ela NÃO PRECISA nesse momento é ser mais humilhada que já foi.
3. O medo do que o agressor pode fazer com ela ou com alguém da sua família, pois na maioria dos casos o agressor faz uma tortura psicológica durante, antes ou pós o ato. O medo também de o mesmo de alguma forma colocar a situação "ao favor" dele, relatando que: "ela estava lá por vontade própria", " já tínhamos ficado, ela está inventando que foi a força para fazer birra", "ela disse não mas no fundo sabia que ela queria",  entre outros argumentos absurdos que vocês já devem ter ouvido ou lido. Entre mais inúmeras calúnias, humilhações e agressões que a vítima se cala prevendo e temendo novas agressões. Ela opta pelo silêncio, para não sofrer mais que está sofrendo.
4. Ela opta pelo silêncio para fugir de discursos moralistas ou de pena, discursos os quais não somarão na sua dor e angústia, discursos os quais irão apenas renovar e aumentar a dor, exemplo: jogar soda cáustica em uma ferida aberta, só irá ferir mais que a mesma já está ferida, só irá faze-la pior, só irá faze-la se arrepender de ter se aberto. Vai parecer loucura o que vou dizer, muitos iram falar que estou sendo exagerada, mas não companheiro, muitas querem fugir do preconceito, ou acham que não existe preconceito com quem é estuprada? Trago uma questão para os homens, que tem uma visão mais surreal do verdadeiro drama que estou relatando (a maioria): VOCÊ SE RELACIONARIA COM ALGUMA MULHR QUE JÁ FOI VIOLENTADA? Lembrando que a maioria das mulheres violentadas tem sérios problemas de ressocialização principalmente quando se trata de relacionamento. Elas optam pelo silêncio para fugir dos procedimentos em delegacia e hospital, por vergonha de relatar, por vergonha de fazer os exames, optam por fugir da tortura em se condenar em tentar saber o que a pessoa que está ali, aquele mero desconhecido, está pensando sobre você e seu caso.
Acho que não preciso falar mais nada para mostrar para vocês o porque 90% ficam fora das delegacias né?

Quero deixar aqui o meu apelo, não apelo aos homens para que não estuprem as mulheres pois eles que faz isso são uns monstros nojentos e enquanto o machismo for cultural eles irão destruir vidas, mas sim para quem conhece ou foi vítima de estupro:
  Você não está sozinha, não se sinta um lixo ou com vergonha do que fizeram com você. Quem tem que se sentir assim é a sociedade que oprimi e trata como se o que aconteceu com você tivesse um leque de culpados. Você sabe que não foi você a culpada. Erga sua cabeça e mostre para si o que você pode fazer por você. Vá até uma delegacia e relate o que aconteceu, eles não vão julgar você, não tenha medo e nem vergonha de ir sozinha (caso não tenhas em quem confiar). Vá ao hospital, faça os exames necessários e tome o que for solicitado. A sociedade é extremamente machista, mas você não está sozinha, existe muitas mulheres que assim como você estão sofrendo com a mesma dor que a sua (cada uma a sua maneira claro). Você denunciando o seu caso, pode salvar outras meninas/mulheres. Caso não queiram de hipótese alguma ir alguma delegacia ou se abrir com alguém da família, entre em contato comigo, sei que não nos conhecemos mas de duas coisas você pode ter certeza, não te julgarei e darei toda assistência possível. Fica o meu e-mail: pedago.ingrid@gmail.com para que entre em contanto comigo quando quiser, da forma de quiser (em anônimo ou não) e pode ter certeza que te acolherei com as energias mais gracinhas do mundo.
Você que conhece algum caso de estupro e saiba que a vítima tem vontade porém medo e vergonha de denunciar, façam isso por ela,liguem 180, acompanhe essa pessoa até à delegacia e ajudem como for preciso. Elas precisam de nós mais que imaginamos.  Unidas somos muito mais fortes, hoje foi ela, mas poderia ter sido alguém dos seus ou até mesmo você. Sejamos a mão amiga para todas que pedirem e façamos o possível e impossível pela aquela menina/mulher, pois as marcas psicológicas na mesma já são eternas.

/ Ingrid Fraga.


sexta-feira, 17 de julho de 2015

MULHER NA RUA x MULHER NAS REDES

          Estamos vivendo uma realidade preocupante, não apenas no Brasil mas como moro aqui, falarei do que vejo no meu cotidiano, estamos colocando no mesmo patamar nossa vida "real" com a virtual. Deixando de lado, na maioria das vezes, os momentos como sair para conversar, ou seja, interagir pessoalmente, para ficar trocando mensagens via os meios que estão ai para serem meios de comunicacao casual e não única forma de interação com o mundo. As redes sociais, trouxeram a facilidade de se comunicar com quem está longe, porém com esse bônus vieram inúmeros ônus, como por exemplo os JUÍZES DA MORAL E BOAS MANEIRAS, pessoas as quais deixam a impressão que deixam de viver suas vidas físicas para pagarem de "fiscais de foda", "fiscais de bom comportamento", "fiscais de certo ou errado", etc; resumindo, pessoas de vida medíocre que só sabem falar mal dos outros e se recusam a refletir a merda de vida que elx tem. 
           Essas pessoas queridas e sempre de bem com a vida (que ao meu ver fazem um cursinho para ser o que são, pois os discursos e a forma escrota de julgar as coisas são as mesmas) tem seus alvos fixos. Os alvos dessa gente maneira geralmente pessoas que são o que são, que carregam a ousadia de ser a sua maneira, pessoas com o pensamento diferente da delas que não tem medo do que será dito pelo que pensam ou agem nas redes sociais. Claro, esqueci de ressaltar, nossos queridxs fiscais das redes são apenas corajosos de expor sua ideia contra seus alvos atrás de alguma tela. Essas pessoas que vivem nesse mundo virtual estão ai com o intiuto de ferir com palavras e imagens pessoas que não tem o mesmo "padrão" de pensamento dela, elas não estão expondo suas ideias e usufruindo de sua liberdade de expressão, estão semeando o ódio e alimentando uma cultura estagnada e conservadora. 
              As mulheres são os maiores alvos de ofensas das ruas e nas redes, seja a filha a favelada que mora na comunidade ou a Presidente. Agredida de forma física, verbal, moral, virtual. Tajada por suas atitudes, pelo que acha certo e cômodo PARA SI, optando por usar roupas longas ou curtas, por casar cedo ou viver uma vida amorosa longa e numerosa, optando por beijar homem ou mulher, optando por fazer pedagogia ou engenharia, entre outros quesitos os quais mulheres passam a serem alvo de preconceito todos os dias.  Vejo no meu facebook, principalmente, xs queridxs fiscais julgando postura, palavras, forma de falar/se vestir/tirar foto; Usando de palavras agressivas como puta, vagabunda, piranha, etc, sem deixar passar as frases feitas completamente agresssiva: "não se valoriza", "merece ser estuprada", "isso não é mulher, é vagabunda/puta/vadia", etc. A naturalização do machismo é cada dia mais explícita nas redes (e nas ruas). Páginas feministas e seguidoras das mesmas são alvos diariamente de "bastiões da moralidade", pessoas que tentam de qualquer forma inferiorizar a mulher e suas forma própria de pensar e agir na sua vida, na sua página pessoal de uma conta própria na rede social. Vemos meninas, crianças, sendo sexualizadas e apedrejada com palavras todos os dias nas redes sociais, POR HOMENS E MULHERES que fique claro. Vemos todos os dias famosas e não famosas receberem comentários escrotos e nojentos, a maioria erotizado por homens que ainda vêem e tratam mulher como objeto sexual, vêem as mesmas - com o perdão do termo - como depósito de porra e que na maioria das vezes são da tese que estupro não é violência é sexo surpresa. Vemos vítimas de estupros sendo tajadas como C U L P A D A S pela violência sofrida, vemos ex mulheres mortas pelos seus exs companheiros tajadas como C U L P A D A S , vemos inúmeros casos de violência contra, independente da violência, que os nossos fiscais das boas maneiras fazem discursos arcaicos e conservadores desviando completamente o que mostrado e culpando a mulher. Culpa a mesma pelas vestimentas, por não gostar mais do seu companheiro  e se  separar e viver uma nova vida,  pela forma que age, pela forma que fala,  pela forma que vê o mundo, pela forma que se expressa, pelo que ouve, pela forma que dança, pelas suas tatuagens e/ou piercings que portam em SEU CORPO. Vemos tambem contradições diárias entre redes e ruas, mulheres que levantam bandeiras feministas no facebook/twitter/instagram/tumblr e em suas vida real praticam o machismo sem perceber, julgando as vezes a ex do seu atual (ou ao contrário) pelas roupas, pelo seu histórico sexual - que de maneira machista chegou aos ouvidos dela - , julgando e xingando as 'zinimigas' de puta ou piranha porque o vestido "mostra até o útero" ou "é um convite para passarem a mão", entre outras práticas que vocês, que são esse tipo de pessoa ou conhece alguém, sabe bem do que estou me referindo. Como também vemos pessoas que praticam o machismo nas redes, mas nas ruas usufrui de forma diária das conquistas feministas, exemplo bem conhecido, a cantora Anitta.
                 Encerro esse humilde texto de abertura do blog Fragamente , com um questionamento: ATÉ QUANDO MULHERES SERÃO HUMILHADAS PELO MACHISMO CONSERVADOR CULTURAL? ATÉ QUANDO OS FISCAIS VÃO PARAR E PERCEBER QUE DA MESMA FORMA QUE ELE JULGA ALGUMA MULHER, EXISTE OUTROS FISCAIS JULGANDO A MÃE, IRMÃS, PRIMAS, ESPOSAS/NAMORADAS, FILHAS, AVÓS, NÃO INTERESSA, MULHERES DA FAMÍLIA E DA VIDA DELX? Está, aliás , passou da hora das pessoas aprenderem o real significado do termo respeito social , passou a hora do caráter, da cultura e do respeito ser julgando e seguir um "padrão". Hora de pessoas como os questionadores de boas maneiras fecharem suas bocas e usarem seus dedos para coisas produtivas e abrirem suas mentes. Pois enquanto o machimo for cultura a mulher será tajada como um ser inferior e quando eu digo mulher, SÃO  TODAS AS MULHERES, não vá achando que você ou as mulheres de sua vida estão fora disso.

                                                            / Ingrid Fraga.